Falando de Marketing – Um papo com Sabrina Carbone

Falando de Marketing – Um papo com Sabrina Carbone

 

 

Zé Paulo – Qual o potencial que o marketing possui para transformar a sociedade?  Cite cases que você participou onde é possível identificar esta vocação.

Sabrina Carbone – O Marketing é a disciplina que reúne um conjunto de atividades orientadas a entender e atender as necessidades de um grupo específico de consumidores ou potenciais consumidores de um produto. É o marketing que elabora e transmite uma determinada mensagem para este público alvo, mas nem sempre esta mensagem precisa ser sobre o produto, ou a marca. Esta mensagem pode ser provida de um conteúdo relevante para uma sociedade, capaz sim de mudar hábitos e atitudes e assim ajuda-la de alguma maneira. Nós por exemplo, com a Nakata, já fazemos isso há vários anos, através de nossas comunicações com o mercado, com o objetivo de estimular a manutenção preventiva. Sabemos que quanto melhor cuidar do seu carro, o consumidor potencial de nossos produtos, mais ele economizará nas manutenções necessárias por quebra ou desgaste e mais seguro todos nós estaremos nas ruas. Muitas das peças que fabricamos são relacionadas diretamente com a segurança de quem conduz o veículo e dos outros.  Por isso, na Fanpage da Nakata no Facebook segurança e manutenção preventiva são um dos 4 pilares de conteúdo que levamos a sociedade. Os outros dois são dicas técnicas e curiosidades automotivas.

Zé Paulo – As redes sociais estão se tornando a cada dia mais presentes na sociedade brasileira. Qual o papel  delas na publicidade e no marketing?  E quais as suas expectativas para o futuro?

Sabrina Carbone – As redes sociais estão a cada dia mais presentes na vida dos seres humanos, em todas as idades, profissões, credos e raças. Isto porque o papel delas na comunidade é levar um conteúdo absolutamente relacionado e específico para os interesses de cada um que nelas navegam. Isso faz com o que estes canais sejam os olhos, boca e ouvidos de cada um, em um ambiente de fácil acesso e correlacionado com familiares, conhecidos, amigos e afins. É então um ambiente muito propício para se prover o relacionamento entre marcas e produtos com seus consumidores. E a forma como este relacionamento deve ser estabelecido é comandado pelo receptor, no caso, o consumidor final, pois é ele quem decide o que quer ver, receber e em que profundidade. Marcas que descobrem uma maneira de levar um conteúdo alinhado ao interesse de seu público, relacionado ou não com o produto ou serviço que querem vender, são as que mais conseguem estabelecer um relacionamento duradouro e fidelizados com seus clientes. Por exemplo, uma marca de tênis levando informações sobre uma vida saudável, uma marca de Shampoo levando informações sobre alimentação. São cruzamentos possíveis e cada vez mais bem explorados. Bom para ambos os lados. Este é um processo que irá ficar cada vez mais personalizado, por nicho de consumidores, nichos dentro dos nichos, até chegar na comunicação individualizada, já se vê em muitos casos, como por exemplo, você definir exatamente que tipo de notícia quer receber de um grande jornal.

Zé Paulo – Como deve ser o relacionamento entre as marcas e os consumidores através dos canais virtuais tais como Facebook , Twitter, Instagram, etc ?

Sabrina Carbone – Hoje em dia há o hábito de se construir o que chamamos de personas, nas mídias sociais. As personas nada mais são do que os seus clientes atuais e potenciais, desenhados, por segmento, por idade, por hábito de consumo, por crença, grau de escolaridade,  classe social, de forma que você consiga identificar o que eles gostam de fazer, de ler, de consumir, etc. Com este mapa de informações e o consumidor “personificado”, você começa a se relacionar com ele como se estivesse na sala de sua casa, no show room de sua empresa. Você precisa capturar a sua atenção, respeitando seus interesses. Isso, aos poucos, vai construindo na cabeça desse consumidor uma favorabilidade a sua marca e confiança em seus produtos. Mas, precisa saber acertar no conteúdo das mensagens e dos benefícios que você provém a este público.

Zé Paulo – Qual o papel da mídia impressa tradicional, nesta sociedade cada vez mais conectada aos meios digitais?

Sabrina Carbone – Os hábitos de consumo de informação continuarão a cada dia se renovando, formando novos nichos, com os mais diversificados formatos de consumo. Assim como no consumo de música, temos dos mais avançados APPs, até um enorme retorno ao retro, com o aumento avassalador do consumo de vitrolas e discos de vinil, sendo atualmente lançados em toda a Europa concomitantemente com o lançamento de álbuns digitais. Isso também está ocorrendo com a mídia no geral. Existe uma segmentação grande, uns que só leem por aplicativos nos celulares, outros que só ouvem pelo rádio ou tv, outros que assinam canais de notícias e com certeza aquele grupo que ainda gosta de ler revistas e jornais impresso. Ainda há target para todos os formatos. As empresas provedoras de notícias e os departamentos de marketing de anunciantes, precisam ainda atuar nas diferentes frentes de comunicação.

Zé Paulo – Considerando as mudanças econômicas ocorridas no Brasil nos últimos anos. Como o profissional do setor deve analisar a conjuntura econômica do país para enxergar oportunidades.  O famoso “na Crise tire o S e Crie”?

Sabrina Carbone – Quanto maior a crise, menor a demanda. Isso significa que haverá uma maior concorrência pela participação de Share of Market do produto a ser vendido, ainda mais porque na crise, a sociedade tende a consumir produtos alternativos, mais baratos, ou, em alguns casos, a não consumir. Todavia, os momentos de crise afetam também veículos de comunicação, agencias prestadoras de serviços, fabricantes de insumos publicitários e é exatamente neste gap que acontecem as grandes oportunidades de desenvolver planos estratégicos de marketing, que consigam trabalhar os quatro P´s (Produto, Praça, Propaganda e Preço) de forma muito mais eficiente. É neste momento que surgem as oportunidades de se negociar os Fees de prestação de serviços, custo de veiculações, caches, materiais impressos, entre outras grandes oportunidades. Em crise, é a hora certa de fazer mais por menos. Tem que saber aproveitar.

Zé Paulo – Como você avalia o potencial do mercado publicitário brasileiro?

Sabrina Carbone – O Brasil tem um vasto potencial publicitário. Há muito espaço em todos os meios para ser explorado, seja através de novas alternativas de investimentos, ou através de novos produtos e marcas que tradicionalmente não tinham anteriormente em sua estratégia se relacionar com seu público através da publicidade. O meio digital vem transformando muito a cultura dos investimentos de inúmeras marcas. No meio digital é possível se comunicar mais diretamente e com os mais diversos segmentos e todos os tamanhos de verbas se enquadram, por causa das inúmeras possibilidades e composições possíveis de se realizar neste meio on line. O Mercado publicitário está amadurecendo também, naturalmente. Hoje grande parte dos anunciantes tem uma cultura voltada para a comunicação e sabe que ela é fundamental para manutenção da marca na lembrança do consumidor.

Zé Paulo – O termo marqueteiro de campanha tornou-se algo pejorativo recentemente, em vista os recentes casos da Operação Lava Jato. Deixando de lado as páginas policiais, qual a importância do marketing político nas eleições?

Sabrina Carbone – O Marketing Político foi complemente deturpado ao longo do tempo. Ele nasceu pós ditadura, quando finalmente a liberdade de expressão podia e deveria contribuir para informar o eleitor sobre o candidato e seu plano de governo. O que ocorre é ao invés de possuir um conteúdo verdadeiro, alinhado com as necessidades e demandas da população e do Estado, passou a ser uma vitrine onde se constrói imagens deturpadas e falsas de pessoas, valores e intenções. Não sou a favor, no formato como existe hoje era melhor não existir, pois manipula a opinião do eleitorado.

Zé Paulo – Finalizando, para aqueles que se interessarem pelo tema, quais livros, filmes e artigos você indica?

Sabrina Carbone – The Smurfs – o primeiro filme, apresenta o processo de lançamento de uma campanha de lançamento de produtos, para quem quer entender o início dos processos. A rede social – Relata a ascensão do criador do Facebook Mark Zuckerberg, e mostra o início da criação do Facebook e o berço das ideias que tanto se propagaram até os dias de hoje. Jurassic Park – É interessante como o filme explora um clássico planejamento de marketing, vendendo o parque como Marketing de Experiencia e trabalhando a marca, a entrada do parque, vídeos que explicam os experimentos, etc. Já em sua 12ª Edição, o livro “Administração de Marketing” de Philip Kotler continua sendo até os dias de hoje, o melhor embasamento teórico de estratégias, ferramentas e conceitos de marketing. Esta última edição, traz muitos cases e exemplos absolutamente atuais, fazendo com que esta bíblia ainda seja minha referência. Site informação de Marketing na Internet, eu consumo muito o Hubspot, um site com um conteúdo enorme sobre assuntos de marketing digital, branding, estratégias de comunicação, bem dinâmico e atual.

 

Sabrina Carbone, é gerente de markenting da Nakata Automotiva

Zé Paulo, é economista e editor do site JPE

2 Comments

  1. Ananda Bassanezi

    Gostei de saber disto, interessante “Esta mensagem pode ser provida de um conteúdo relevante para uma sociedade, capaz sim de mudar hábitos e atitudes e assim ajuda-la de alguma maneira. Nós por exemplo, com a Nakata, já fazemos isso há vários anos, através de nossas comunicações com o mercado, com o objetivo de estimular a manutenção preventiva. Sabemos que quanto melhor cuidar do seu carro, o consumidor potencial de nossos produtos, mais ele economizará nas manutenções necessárias por quebra ou desgaste e mais seguro todos nós estaremos nas ruas.”

    “The Smurfs” – nunca pensei neste filme desta forma, vou re assistir para identificar estes padrões,

    legal, estou mesmo precisando de um paramêtro para aprender sobre o assunto “Hubspot”

    adorei a entrevista, obrigada

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