O que os cães esperam do Brasil na Copa do Mundo? – Por Vilma Costa

Fogos de artificio
Para muitos o futebol não tem a mínima importância. Porém, para muitos outros, futebol é sinônimo de pânico. Os sons produzidos durante a queima de fogos de artifício, causam pânico em vários cães. Vale lembrar que a audição do cão é muito mais sensível do que a dos humanos, muito mais desenvolvida, por isso, estes sons são extremamente agressivos, muito superiores ao tolerável pelos animais.
Tive uma cadelinha chamada Pretinha, na verdade ela me adotou após ser abandonada por seu dono, próxima ao meu consultório. Pretinha era muito esperta e independente, fazia apenas o que queria, mas não o tempo todo.Quando ouvia a voz do Galvão Bueno, fazia um movimento com as orelhas e buscava um esconderijo, um abrigo contra o ataque terrorista. Ela associava a voz do Galvão com os fogos de artifício. O trauma afetava tanto sua vida, que mesmo quando não era o Galvão, quando alguém dizia bem amigos da rede globo…pronto, ela já se desesperava, a expressão facial, os olhos grandes saltados, era a própria expressão do terror.
Mas nem todos, reagem desta forma, muitos querem fugir, pulam muros, janelas, tentam entrar embaixo de móveis. Estas atitudes desesperadas, em geral, causam ferimentos gravíssimos e em alguns casos, causam a morte.Já ouvi relatos de proprietários que perderam seus cães enforcados, pois como medida protetora, os proprietários os deixavam presos em cômodos fechados ou em lajes, um desses proprietários não considerou a janela aberta, seu cão pulou e morreu enforcado
pela coleira, outro pulou da laje, os dois pelo mesmo motivo: pânico de fogos de artifício.
Já atendi um cão que teve os testículos dilacerados ao tentar pular uma cerca de arame para fugir dos fogos, atendi vários outros com crises convulsivas durante a queima de fogos nas festas de final de ano, em jogos importantes ou de grande rivalidade.
A incidência de queima de fogos é maior em determinadas épocas do ano e durante a Copa do mundo, dependendo do desempenho da seleção local, este fenômeno pode ocorrer com grande intensidade. Não se deve pensar em uma solução imediata, instantânea, não aconselho o que muitos fazem, que é a administração de relaxantes musculares, pois o animal continua consciente, apenas não consegue sair do lugar. Na minha opinião, esta situação aumenta o pânico e o risco de morte. Me imagino tentando fugir daquele que tenta me matar, mas minhas pernas não obedecem aos comandos cerebrais.
O tratamento para os cães adultos deve ter início o quanto antes, com a utilização de recursos como o adestramento, florais, fitoterápicos, homeopáticos e somente em último caso, drogas tranquilizantes e ou anestésicas. Para os filhotes, recomendo
que o proprietário pegue-o no colo e leve-o junto para comemorar e ver os fogos, mesmo que não goste de futebol, comemore, isto fará com que o cãozinho associe os sons estrondosos com sensações agradáveis, como estar junto ao seu proprietário brincando, fazendo festa. Faço isto com todos os filhotes que adoto e funciona sempre. O contrário, isolar o cão, é muito pior, imagina você
desesperado e sozinho, preso em um quarto escuro, esperando pelo pior?
Tentar proteger, não é aconselhável, pois irá confirmar as suspeitas do cão, ele terá certeza de que trata-se de uma situação perigosa. É necessário transmitir confiança, segurança e tranquilidade, sempre associando os fogos a situações agradáveis. Não deixe para procurar ajuda um dia antes dos jogos, procure agora  e se o médico que atender oferecer um tranquilizante relaxante muscular, procure segunda opinião. Não deixe seu cão sozinho, preso ou trancado, aproveite e assista os jogos com ele, comemore com ele. Afinal vocês são uma família e família nunca abandona.

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